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A grande teia portuguesa

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  P ortugal arrasta-se há décadas num problema sistémico de corrupção e de crimes que deviam envergonhar qualquer democracia. São crimes que não ficam confinados a gabinetes ou tribunais: afetam-nos a todos, todos os dias, e a pergunta permanece insolúvel — até quando vamos tolerar sem agir? José Sócrates, ex-primeiro-ministro, é a face mais visível desta realidade sombria. Acusado de mais de trinta crimes, que vão de corrupção ativa e passiva a branqueamento de capitais e peculato, a sua gestão marcou o país com decisões danosas, calibradas para o falhanço e para o colapso de instâncias públicas e privadas. E, enquanto isso, o país assistia, quase impassível, à degradação do seu próprio futuro. Nesta rede, Ricardo Salgado assume o papel de arquiteto da teia. A falência do Grupo Espírito Santo, incluindo o BES, e a influência sobre a PT Comunicações moldaram escolhas de liderança, como a nomeação de Henrique Granadeiro, selecionado pelo próprio dono do BES para gerir a PT. Um país ...

ceu do seu

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Vem do céu sangue derramado, duras batalhas, memórias gravadas; prendem-se as naus e as cruzadas, e o ar que nos consome arde calado. A terra guarda fundas cicatrizes neste tempo de sombria incerteza. Valas comuns, erguidas por surpresa, são o húmus das nossas novas raízes. Álvaro Machado 

(Sobre)alcançar

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Quero escrever na minha memória a minha alma. Quero que ela seja inteiramente audível, a mais audível do universo, porque só assim chegarei à outra dimensão — ainda incompreendida — das sensações e da contemplação delas. Afinal, por que não haveríamos nós de querer alcançar todos os recantos do mundo? Álvaro Machado - 28/12/2025

Génesis

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  Onde tudo é torpe, vem apenas o apenas. Nas ruas soltam-se cânticos quando a brisa os invade, os ultrapassa e os confunde na percepção. Talvez — de certo, incerto demais — roubem-lhes a emoção, para nada mais restar dentro do coração. O que sobra? Sobra esta azáfama gigante ao nosso redor - só nos ofusca, só nos distancia, só nos enraivece desse viver o mundo com (mais) humanismo. Álvaro Machado - 18/09/2025 - 22h20

Carruagem sem autor

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A quele homem está, logo pela manhã, mergulhado na sua comum mortalidade quotidiana, passando os dias vazio e imóvel, como se nem mesmo o comboio, com o som estridente a ecoar nos tímpanos, fosse capaz de mover-lhe a alma. Nada o inquieta. Nada perturba o seu pensamento ou rompe os seus ideais. Assim, a sua condição torna-se numa pura expressão de espírito, serena e intocável.  Álvaro Machado - 24/02/2025

Ad impossibilia nemo tenetur

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  É neste intenso cheiro a maresia que me descubro. Neste cair da noite ligado às estrelas do céu estrelar Divido-me entre intensas memórias, as que sempre encubro, E as vivências que nunca hei-de mais apreciar! Sento-me à janela, entre brisas de uma minha extensão qualquer, Para novamente da vida qualquer coisa aproveitar - Se são mais memórias ou vivências, não sabendo o que querer, Quero olhar para a frente e o mar poder recitar! Deu meia-noite. Começou a chover. São os ventos, a tempestade a colher… Como dizer algo se não tiver mais nada p’ra dizer? Quero o mar e tudo mais é viver. Álvaro Machado - 15.08.2024

Criação infindável

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A criação que não finda Que vem dolorosa, sem se apresentar, Vem fragmento a fragmento na vinda E cai, em dobre, em noite de luar Cai enquanto medito sobre o passado. Se eu quiser eu não consigo voltar a tê-lo. (os outros de olhos postos como sabendo o fado) E, de repente, no eléctrico, cai um relâmpago: não voltarei a vê-lo! Sinto e digo e fujo destas epifanias sobressaltadas Não tarda estarei noutro lado, a virar de direcção! Com meu pequeno barco a seguir novas pegadas E o volante a girar, comigo ao leme, a escrever outra canção! Álvaro Machado - 19.09.2023